quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Hospitalidade eslovena

Nunca vou esquecer sua hospitalidade eslovena. A generosa acolhida apagou qualquer infortúnio esguio ou gozo rasteiro. As decantadas surras do passado esmaeceram. Isso sim era um sopapo cabal. Naveguei vagarosamente nas suas águas eslavas. Escalei gostosamente suas elevações centro-européias. Degustei longamente sua mexerica búlgara. Não sei que língua falamos, mas fiz muitas vezes o caminho de Santiago que leva de Praga a Budapeste, idas e voltas, idas e vindas. No Castelo, fui Kafka, fui barata e fui processo. Ah, o Castelo. Às vezes passava por Viena, deferência aos tabus do Dr. Freud. Na capital da Hungria me transformei no sedutor que deixou muitas mulheres chorando quando explodiu. Não, não morri, muitas e muitas vezes ressuscitei. Nem percebi quando acabaram minhas forças. Na manhã seguinte, não houve qualquer reclamação, supremo requinte de fidalguia. É certo que, no fim da noite, quando apagou-se minha bugia, virei bugio soporativo. Dormi e ronquei, sonhei que recuperava meu vigor, logo estaria na estrada de novo. Da próxima vez não vou repetir a cena. Afinal, ainda há muitos lugares, países e continentes a explorar.

3 comentários:

Flávia Reis disse...

Belo texto! a d o r e i!

Anônimo disse...

Hospitalidade, Houaiss.. meu caro, está na hora de você começar a organizar este volume de ensaios, a true Borzoi Book!!!! Particularmente adoro o gênero, na estante com David Mamet, Sam Shepard e Paul Auster!! Muito bacana!!abraços!! Juan Esteves

analu disse...

otimo passeio íntimo. muito inspirador.