José Castello, no Prosa e Verso de sábado (O GLOBO, 16/2/2008), relaciona silêncio e escrita. Alguns extratos, úteis não só para o escritor, mas para quem reflete:
"Escritores, que estão sempre em busca de relações secretas entre as coisas, às vezes parecem estranhos. Em nosso mundo veloz, estes sujeitos calados que passam horas a fio sozinhos com seus escritos, funcionam, no entanto, como reservas de sentido.
"Escrever (como pensar em silêncio) também provoca suspeitas — seja a escrita do romancista famoso, ou a escrita da mendiga descabelada. E por quê? Porque, quando escreve, o sujeito se volta para si. Cai em si, como prefiro dizer — e essa queda para dentro, em um mundo em que tudo despenca para fora, se torna obscena. Em um mundo em que tudo se mostra, o obsceno não é mostrar, o obsceno é esconder."
"O silêncio incomoda porque expõe (como o avesso de uma saia) a ponta de um desejo."
"Sem o fogo do silêncio não há escrita. É preciso que haja silêncio, longo, misterioso, torturante, para que a palavra, quando enfim dita, quando finalmente escrita, tenha valor."
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário