domingo, 6 de março de 2011

A criação como exercício da memória

Mais um tema para o bate papo de sábado, com Iatã Cannabrava, na Fauna Galeria, 17h.

Se não existem invenções ou descobertas, só recordações, o criar torna-se com efeito um admirável exercício da memória. Um incansável esforço do lembrar.

Esta hipótese seria apenas curiosa se não fosse também verdadeira. Pois um dos efeitos mais perturbadores do ato de criar é aquele que nos dá a sensação de que não estamos descobrindo nada de novo, somente resgatando algo esquecido.

O talento da criação estaria portanto na maneira que utilizamos para revelar aos outros este algo, esta estória, uma vida, saga ou percepção, que sempre existiu mas que de alguma forma oculta foi esquecida pela humanidade. Ficou adormecida sem emocionar ninguém.

(Doc Comparato, no Prefácio de Me Alugo para Sonhar, Oficina de Roteiro de Gabriel García Márques, Casa Jorge Editorial, Niterói, RJ, 2004)

Nenhum comentário: