quarta-feira, 15 de julho de 2009

O ÚLTIMO PAS-DE DEUX


Exercício sobre poema de Jorge de Lima,

O grande desastre aéreo de ontem

“Há mãos e pernas de dançarinas

arremessadas na explosão”


Galeão, Aeroporto Tom Jobim, ontem você.

Ensaiávamos as cinco posições.

Barra, achei que você segurava a barra.

Não esperava o pé na bunda, o coup-de-pied.


Chegou a hora do effacé.

Será que existe mesmo a tal da élévation?

En face, de cara para te ver.

Na hora do fondu, o inesperado fouétté.


Plié, grand plié, tudo na vida é movimento de ballet.

En dedans, pé de criança. En dehors, pé de palhaço.

Relevé, bem que tentei me manter na ponta do pied.


Agora vou glisser num grand jété.

Em toda a extension, não tem mais échapé.

Coupé, croisé, dégagé, não foi possível fazer um detourné.

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