quarta-feira, 9 de março de 2011

Juan Esteves analisa Mulheres dos Outros, na Fotografe Melhor.



Mulheres dos Outros,

Por Juan Esteves

Fotografe Melhor de março, já nas bancas.

Na mostra “Mulheres dos Outros”, em cartaz até 16 de março na Galeria Fauna (Al.Gabriel Monteiro da Silva, 470, São Paulo ), o paulistano Eduardo Muylaert expõe uma série de imagens que se apropriam de outras imagens. Uma obra nova, sobre outra, mais antiga. A apropriação neste caso – é feita a partir de antigos cromos encontrados ao acaso, comprados numa feira de antiguidades. Esse é o ponto de partida para as fotos, cujo fio condutor são nus de mulheres, aparentemente da década de 50.

A caixa que continha a série de cromos tinha como título “Nus Artísticos”. Se antigamente as imagens podiam escandalizar por suas poses e formas, hoje atraem o observador por outros motivos, como a sutileza, o grafismo das marcas do tempo, referências que nos transportam a arte.

As formas físicas expostas nas antigas imagens ( que não encontram mais similares nos atuais corpos moldados pela ginástica exagerada) conduzem-nos a uma beleza mais clássica, próxima daquela encontrada nos templos gregos. A elas, o fotógrafo uniu uma outra pequena série, feita no Museu do Louvre, em Paris, de esculturas de mulheres. A própria decadência dos cromos, suas tramas, fazem par com as fraturas destas belas esculturas.

A recorrência ao nu se faz presente no trabalho do fotógrafo há alguns anos, com suas belas experiências em transfers de polaroids. Nesta mostra, porém, ele conta com a participação do acaso e do tempo. Abandonados em más condições de conservação, os cromos criaram fungos e formataram novos desenhos na imagem, que foram posteriormente manipuladas. Muylaert usa a alegoria do palimpsesto, um pergaminho reutilizado, que teve primeira inscrição arranhada para se traçar uma nova.

Nas últimas cinco décadas, a concepção da imagem gráfica mudou, assim como a condição anatômica das mulheres. As imagens resgatadas por Muylaert foram substituidas pelos nus escancarados da Penthouse e Playboy. Nesse sentido, o trabalho do fotógrafo não só se enquadra no melhor do fine art, como sintoniza no que costumava-se chamar de erotismo, aquele que mescla sutileza e ousadia, desprendimento e ironia.

Juan Esteves cita

Juan Esteves lembra: Richard Wollheim em seu livro “Painting as an Art” (Princeton University Press, 1987) diz que a apropriação de uma imagem significa para o autor falar dos seus próprios pensamentos, inclusive seu sentimentos , e que estes, uma vez apropriados, podem ser transmitidos a pessoas sensíveis, ou mais informadas. Ou seja, cria-se um trabalho usando outro, mas este terá o efeito desejado pelo artista, aquilo que ele próprio sente.

terça-feira, 8 de março de 2011

Mulheres dos Outros é ilegal? Questão do Valor Econômico.

Gutenberg século XXI

Diego Viana | De São Paulo

Valor Econômico - 04/03/2011

Além da tecnologia digital, práticas artísticas também põem sob pressão a forma tradicional de lidar com a autoria. Uma exposição do fotógrafo e advogado Eduardo Muylaert em São Paulo explora uma área de fronteira autoral. Em cartaz na galeria Fauna, "As Mulheres dos Outros" exibe reproduções de fotografias compradas na feira de antiguidades do Museu de Arte de São Paulo (Masp). O artista conta que encontrou as imagens dos anos 1950 em péssimo estado. Fotógrafos e modelos eram anônimos. A exposição consiste em ampliações que realçam os efeitos do tempo e da má conservação.

Segundo uma leitura possível da lei atual, a exposição seria considerada ofensiva aos direitos autorais dos fotógrafos de 60 anos atrás, que não foram consultados quanto ao uso de seu trabalho nem serão pagos. No entanto, a iniciativa do fotógrafo é corrente entre criadores que, na linha de Andy Warhol e Jean-Luc Godard, em vez de criar imagens, retrabalham a infinidade de imagens já disponíveis. Como advogado, Muylaert estava ciente do possível impasse jurídico. Apoiou-se sobre o oitavo parágrafo do artigo 46 da lei atual, que permite a reprodução de "pequenos trechos" de obras preexistentes quando não houver "prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores". "Sinto que meu trabalho é legítimo com base nesses artigos", afirma o artista, que também se muniu de um arsenal teórico para sustentar seu argumento. São textos de Roland Barthes, Gérard Genette, Douglas Crimp, Richard Misrach e outros.

Juristas que se debruçam sobre o assunto não consideram os artigos citados por Muylaert tão seguros. Para Guilherme Varella, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a lei autoral brasileira está entre as mais restritivas do mundo e o trecho em questão deixa em aberto o sentido de "pequeno trecho", "exploração normal" e "prejuízo injustificado". O resultado é uma incerteza jurídica desnecessária. Um dos objetivos da nova lei autoral seria resolver impasses como esse. As fotografias garimpadas por Muylaert seriam "obras órfãs", isto é, cujo autor é desconhecido ou não pode ser encontrado. Para casos assim, seriam concedidas "licenças não voluntárias". Os direitos econômicos seriam recolhidos em juízo, mas os morais seriam dispensados temporariamente. O mesmo procedimento se aplicaria a marchinhas de carnaval da década de 1930 de que não se conhece o autor.

domingo, 6 de março de 2011

Bate papo gratuito com Iatã Cannabrava e outras feras. Sábado 12, 17h.

Bate papo com Iatã Cannabrava, Armando Prado, Alexandre Belém e outras feras da fotografia.
O processo de criação. A partir da exposição Mulheres dos Outros, de Eduardo Muylaert. Sábado 12, na Fauna Galeria, 17h. Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 470. Gratuito.


A criação como exercício da memória

Mais um tema para o bate papo de sábado, com Iatã Cannabrava, na Fauna Galeria, 17h.

Se não existem invenções ou descobertas, só recordações, o criar torna-se com efeito um admirável exercício da memória. Um incansável esforço do lembrar.

Esta hipótese seria apenas curiosa se não fosse também verdadeira. Pois um dos efeitos mais perturbadores do ato de criar é aquele que nos dá a sensação de que não estamos descobrindo nada de novo, somente resgatando algo esquecido.

O talento da criação estaria portanto na maneira que utilizamos para revelar aos outros este algo, esta estória, uma vida, saga ou percepção, que sempre existiu mas que de alguma forma oculta foi esquecida pela humanidade. Ficou adormecida sem emocionar ninguém.

(Doc Comparato, no Prefácio de Me Alugo para Sonhar, Oficina de Roteiro de Gabriel García Márques, Casa Jorge Editorial, Niterói, RJ, 2004)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ester Hamermesz e suas pinturas fotográficas no Nou, hoje.

Abre hoje a primeira exposição da fotógrafa Ester Hamermesz, “Pinturas Fotográficas”. Trata-se de um ensaio feito com câmera digital compacta com velocidade baixa. Restaurante NOU, 19h30. Rua Ferreira de Araújo, 419, Pinheiros, São Paulo, SP | Tel: 11-2609-6939.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Concurso: fotos de detalhes de obras do museu


A iniciativa é do The Metropolitan Museum of Art. GET CLOSER (Chega mais perto) é um concurso fotográfico gratuito. Fotos de detalhes de uma das obras do Museu. Vamos fazer igual na Pinacoteca? Ou no MAM? Ou no MASP? Genial!!!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Happy morning de sábado na Fauna e depois Gal Oppido.


Amanhã, sábado 26, nova happy morning na Fauna. Das 11h às 12h30 ver Mulheres dos Outros e degustar uma vodca. Gabriel, 470. Depois, exposição Gal Oppido no Ibirapuera.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mulheres dos Outros, por Edson Veiga, no Estadão.

As mulheres da feirinha do Masp

Foi na feirinha do Masp que o fotógrafo e advogado Eduardo Muylaert - assíduo garimpeiro de antiguidades - encontrou, há cinco anos, uma caixinha com 24 fotos de nus femininos. "Paguei R$ 100", recorda-se. Bastante deterioradas por fungos, as imagens ficaram guardadas em sua casa até 2009, quando ele resolveu transformá-las em arte. "Usei um software de restauração para recuperar as cores e realçar as marcas de deterioração", conta.

Com estética peculiar, o material virou exposição - gratuita, até 19 de março, na Fauna Galeria (Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 470, telefone (11) 3668-6572). As fotos, devidamente ampliadas, estão à venda por valores que variam de R$ 1,5 mil a R$ 5 mil.

"O interessante é que as imagens são dos anos 1950. E, na época, eram pornografia", comenta o Muylaert. "São mulheres anônimas e mal pagas que foram retratadas por fotógrafos anônimos e mal pagos." Quem diria que, seis décadas mais tarde, depois de mofarem em uma caixinha na feira do Masp, adquiririam status de arte e acabariam enfeitando a sala de alguém?


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mulheres dos Outros no Bom Dia São Paulo.

O Bom Dia São Paulo localizou o Severo e explica Mulheres dos Outros. Veja o vídeo.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Mulheres dos Outros abre hoje, a partir das 17h.


Para facilitar o deslocamento dos amigos que pretendam prestigiar a abertura da exposição Mulheres dos Outros, hoje, a partir das 17 horas, na Fauna Galeria, alameda Gabriel Monteiro da Silva, 470 (logo depois da Avenida Brasil), segue o mapa da mina.


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Processo de criação de Mulheres dos Outros.


Processo de criação de Mulheres dos Outros em discussão. Olhave, o blog de Alexandre Belém, abriu espaço para uma entrevista com Geórgia Quintas. Texto integral.